Após mais de duas décadas, o **Amazontech** volta a Boa Vista em 2025. O evento, não abrange apenas à Amazônia Legal, ganha dimensão internacional ao reunir países de todo o bioma amazônico e parceiros externos. A proposta é reforçar a Amazônia como espaço de integração econômica, científica e ambiental em escala continental.
Representantes de seis países já confirmaram presença no Amazontech 2025, entre eles a Trent University, do **Canadá**, a Universidad Regional Amazónica Ikiam, do **Equador**, e o Fundo Equipe **França** para Ação Climática e seus Impactos na Amazônia (FEFACCION).
O **FEFACCION é um projeto de cooperação científica entre França e Brasil**, em vigor de 2024 a 2025, voltado ao enfrentamento das mudanças climáticas na Amazônia Legal. Financiado pelo governo francês e coordenado por instituições como a Embaixada da França, o Cirad e o IRD, o FEFACCION promove capacitação em gestão ambiental, intercâmbio científico, mobilidade estudantil e apoio a pesquisas, integrando universidades, institutos e organizações locais para fortalecer o conhecimento e estimular ações conjuntas na região.
O superintendente do Sebrae Roraima, Emerson Bau, destaca a relevância dessa ampliação.
> O Amazontech busca integrar a Amazônia como um todo. A primeira edição, em 2001, já trabalhava os estados da Amazônia Legal, agora, em 2025, o escopo foi ampliado para o bioma amazônico, que envolve nove países: o Brasil e outros oito. O Sebrae realizou articulações junto a embaixadas e representantes de governos vizinhos para garantir a participação ativa desses países. Já temos confirmações, inclusive, de nações fora do bioma, como Canadá e Barbados, que trazem experiências em pesquisa, ciência e comércio de grande interesse para a região. Afirmou Bau.
O evento, portanto, vai além de uma feira de inovação ou de um espaço de troca de conhecimentos. Ele se apresenta como plataforma estratégica para que empresas roraimenses ampliem sua rede de contatos, explorem novos mercados e estabeleçam parcerias internacionais capazes de transformar o potencial exportador em resultados concretos.
Com expectativa de receber cerca de 15 mil participantes, o evento oferecerá mais de 100 atividades entre palestras magnas, seminários, oficinas práticas, rodadas de negócios e vitrines tecnológicas. Reunirá empresas, pesquisadores, líderes comunitários, empreendedores e autoridades nacionais e internacionais no campus Paricarana da Universidade Federal de Roraima (UFRR).
O encontro se consolida como um dos maiores da Amazônia em inovação, sustentabilidade e desenvolvimento socioeconômico, com foco na bioeconomia, na tecnologia verde e na integração para o fortalecimento regional.
**Desafios e oportunidades para o futuro**
Roraima ainda enfrenta desafios logísticos e burocráticos, por outro, o Estado está em uma posição favorável para se beneficiar das mudanças no cenário global do comércio. O aumento da demanda por alimentos, impulsionado pelo crescimento populacional e pela busca por segurança alimentar, abre caminho para que os produtos roraimenses alcancem mercados na Ásia, na Europa e no Caribe. Além disso, o interesse internacional por cadeias produtivas sustentáveis cria condições para que o agronegócio local se diferencie por práticas inovadoras e ambientalmente responsáveis.
A presença confirmada de países como **Canadá e Barbados na Amazontech** mostra que o evento extrapola a lógica regional. Não se trata apenas de fortalecer relações com vizinhos amazônicos, mas também de inserir Roraima em uma rede internacional mais ampla, capaz de trazer investimentos, pesquisa científica e cooperação tecnológica. O estado, que até pouco tempo atrás era considerado periférico no comércio exterior brasileiro, agora tem a chance de assumir um papel central em uma rota de integração que conecta a Amazônia ao mundo.
A trajetória recente prova que há espaço para avançar. O crescimento de mais de 1.800% nas exportações desde 2018 mostra a capacidade de resposta do setor produtivo roraimense. O desafio, agora, é sustentar esse crescimento com maior diversificação, reduzir a dependência de poucos mercados e investir em logística para tornar os produtos mais competitivos.
Nesse sentido, a Amazontech 2025 não deve ser vista apenas como um evento pontual, mas como parte de uma estratégia mais ampla de internacionalização. Ao reunir governos, empresas e instituições de pesquisa, ele **cria as condições necessárias para que Roraima seja reconhecida como um hub de integração econômica na Amazônia.**
Com a combinação de articulação política, empreendedorismo local e fortalecimento da infraestrutura, Roraima pode transformar sua condição de fronteira em vantagem competitiva. O estado tem a oportunidade de deixar de ser apenas exportador de grãos e se tornar referência em inovação, sustentabilidade e integração internacional. Em setembro de 2025, quando o mundo voltar os olhos para Boa Vista, o futuro das exportações roraimenses poderá dar um salto definitivo rumo ao cenário global.
**Roraima em busca de novos mercados**
A geografia confere a Roraima um diferencial único: **trata-se do único estado brasileiro que faz fronteira tanto com um país amazônico de língua inglesa**, a Guiana, quanto com a Venezuela, país de importância geopolítica e histórica para a região. Essa posição estratégica permite que o estado seja não apenas um exportador de grãos e produtos agropecuários, mas também um ponto de conexão entre o Brasil, o Caribe e o mercado atlântico.
As exportações de Roraima têm oscilado nos últimos anos, mas revelam uma curva de crescimento e de oportunidades que posiciona o estado como protagonista em potencial do comércio exterior brasileiro. Em 2024, o volume exportado somou **US$ 313,9 milhões**, demonstrando a força do agronegócio e da produção local. Já em 2025, até o momento, o acumulado é de **US$ 82,3 milhões**, resultado que, apesar de representar retração em relação ao ano anterior, sinaliza a necessidade de diversificação de mercados e investimentos em infraestrutura.
Nesse contexto, uma grande oportunidade surge com o Amazontech 2025, que acontecerá entre 4 e 6 de setembro, em Boa Vista. O evento pretende ser não apenas um encontro de ciência, tecnologia e negócios, mas também uma **vitrine de integração internacional capaz de reposicionar Roraima no cenário global.**
Nos últimos anos, as exportações roraimenses cresceram de forma expressiva. Entre 2019 e 2023, houve um salto de US$ 157 milhões para quase US$ 369 milhões, uma expansão de 134% em apenas quatro anos. Os números revelam a força da soja, do milho e de outros grãos, que seguem como base da pauta exportadora. No entanto, também evidenciam um risco: a dependência excessiva de poucos produtos e de poucos mercados.
A Guiana tem se consolidado como o principal destino. Somente nos cinco primeiros meses de 2023, as exportações para o país vizinho somaram aproximadamente US$ 15 milhões, crescimento de 254% em comparação ao mesmo período de 2022. Produtos agrícolas, equipamentos e insumos representam a maior parte desse fluxo. Já a Venezuela, mesmo com instabilidades políticas e econômicas, continua sendo um parceiro relevante, especialmente para o milho e a soja produzidos em Roraima.
Além dos vizinhos diretos, Roraima tem buscado expandir suas fronteiras comerciais. Barbados, por exemplo, entrou no radar após a realização de um Encontro Internacional de Negócios em 2024, que aproximou empresários locais de compradores caribenhos. Alimentos, carnes, pescados, frutas e tubérculos foram os destaques, revelando o potencial de diversificação da pauta exportadora. Já o Canadá e a França aparecem como mercados estratégicos, mais distantes geograficamente, mas presentes na agenda da Amazontech por seu papel na ciência, na inovação e no comércio internacional.
Apesar do dinamismo, os desafios permanecem. O transporte de mercadorias pela rodovia Linden-Lethem, em direção ao porto de Georgetown, ainda enfrenta limitações de pavimentação e infraestrutura, encarecendo o custo logístico. A concentração das exportações em poucos destinos, como Guiana e Venezuela, expõe Roraima a riscos de instabilidade. E os gargalos burocráticos nos processos aduaneiros limitam a velocidade e a competitividade dos produtos locais no mercado externo.
Fonte e imagens: SEBRAE-RR DA ASN RORAIMA Leia mais